Dentro da bacia do Rio Amazonas, destaca-se o Rio Madeira, seu maior afluente. Ele corta a região amazônica no sentido norte-sudoeste, ligando Porto Velho no Estado de Rondônia a Manaus capital do Amazonas e a Belém no Pará. Pela falta de rodovias transitáveis entre essas capitais, o Rio Madeira tornou-se há alguns anos o corredor de exportação de grãos da região centro-oeste, aumentando significativamente o tráfego de embarcações graneleiras em seu leito. Em sua margem existem ecossistemas de grande magnitude e complexidade com uma flora diversificada e fauna exuberante.

O grande rio do Estado de Rondônia tem sido utilizado como vetor do desenvolvimento da região. Desde a época da construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, o rio vem sendo utilizado como canal para o transporte de toda sorte de materiais e mercadorias, contribuindo decisivamente para o processo de colonização dessa região.

Durante o movimento de colonização, uma parte dos contigentes humanos trazidos para a Amazônia se fixaram nas periferias dos centros das grandes populações, embora às vezes de forma dispersa e isolada. Em meados do século passado, a região que era habitada por índios, passou a ser desbravada por migrantes de todo o País, principalmente nordestinos, que fixaram moradia nas regiões próximas ao rio. Dessa mistura surgiu uma população com características próprias, misturando traços étnicos e culturais do nordeste brasileiro e dos povos indígenas nativos da região.

Hoje a beira do Madeira é o lar de milhares de ribeirinhos, que sobrevivem da pesca, da caça, do plantio de mandioca e outras atividades de subsistência. As dificuldades de locomoção e escoamento das mercadorias e a ausência de infra-estrutura básica de saúde e de educação faz com que muitos deixem suas comunidades e subam o rio ficando mais próximos da capital, Porto Velho. Lá, eles passam a habitar bairros periféricos como o bairro Nacional, São Sebastião ou comunidades rurais mais próximas da cidade. Por não possuírem qualificação para empregos formais e não dispondo mais de suas terras, passam a viver de pequenos trabalhos temporários, de baixa remuneração. Essa trajetória aliada à falta de perspectivas de um futuro melhor, reforça na população um sentimento de inferioridade e marginalização.

É evidente a pobreza vivenciada por uma parcela significativa da população do Estado, em especial da população infanto-juvenil do sexo feminino, submetida em números cada vez maior, à violência e ao abandono. essa violência tem se manifestado em situações tipificadas como participação em gangues e galeras, induzição à exploração sexual, exploração pelo trabalho, maus-tratos, drogatização e toda sorte de marginalização.